A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste recebeu representantes do Banco Mundial para uma apresentação preliminar do estudo “Rotas para o Nordeste: proatividade, emprego e inclusão”, documento que integra a série internacional Growth and Jobs Report e que vem sendo elaborado há dois anos. O encontro, realizado nesta segunda (3/11) buscou colher contribuições técnicas para a versão final do relatório e ampliar a articulação entre instituições públicas, academia e outras instituições multilaterais em torno de uma agenda regional de crescimento sustentável.
A delegação foi liderada por Shireen Mahdi, gerente para a área de Prosperidade do Banco Mundial, acompanhada pelos economistas Rong Qian, Cornelius Fleischhaker e Karen Souza Muramatsu. Participaram também especialistas da UFPE, UFPB, do setor produtivo e consultores com experiência em políticas regionais, incluindo a economista Tania Bacelar
O relatório, que será lançado nos próximos meses, analisa motores de crescimento econômico, produtividade empresarial, mobilidade social, geração de empregos e o papel da infraestrutura para reduzir desigualdades regionais. É o segundo estudo da série dedicado a uma região brasileira, após o lançamento do relatório sobre a Amazônia em 2023.
A gerente do Banco Mundial, Shireen Mahdi, enfatizou o caráter técnico e colaborativo do encontro. “Queremos ouvir e dialogar com atores regionais para aperfeiçoar este estudo a partir de uma escuta qualificada. Renovar o debate nos apresenta novas perspectivas sobretudo para o cenário da reforma tributária”, apontou a especialista.
Segundo o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, o encontro confirma o esforço institucional da autarquia em consolidar novos eixos estratégicos para o desenvolvimento regional. Entre os itens em pauta, estiveram a retenção de talentos e a expansão de atividades produtivas de maior valor agregado.
“É fundamental ampliar nossa visão sobre as transformações econômicas e sociais do Nordeste. A região forma mão de obra qualificada, mas ainda enfrenta dificuldades para transformar esse capital humano em empregos produtivos. Precisamos equilibrar investimentos em novas economias e na base produtiva tradicional, garantindo capacidade real de geração de trabalho e renda”, afirmou.
Durante a apresentação, a economista Karen Muramatsu destacou que o Nordeste reúne condições para “se reinventar”, considerando sua liderança em energia eólica e solar, sua crescente proporção de jovens qualificados e a posição estratégica, com cabos submarinos de dados que conectam o Brasil a outros continentes. O relatório indica, entretanto, que a região ainda enfrenta subutilização de capital humano, baixa geração de empregos de alta produtividade, desafios regulatórios para abertura de empresas e lacunas de infraestrutura.
O economista Cornelius Fleischhaker observou, por sua vez, que a produtividade das empresas do Nordeste segue inferior à média nacional e que o ritmo de entrada de novos empreendimentos tem diminuído. Na avaliação do representante do banco, isso reforça a necessidade de políticas capazes de reduzir custos de operação, estimular inovação e aproveitar vantagens estratégicas regionais, como o polo de energias renováveis.
A economista Tania Bacelar destacou o papel da reforma tributária como vetor de mudanças estruturais e chamou atenção para o potencial da economia verde e da interiorização da educação. “Existem agora dois investimentos importantíssimos: a infraestrutura econômica e a rediscussão sobre o papel do semiárido motivada pela agenda da economia verde”, comentou.
Ao final do encontro, a Sudene propôs a realização de novas rodadas técnicas com o Banco Mundial, com o objetivo de aprofundar o debate e estruturar frentes permanentes de cooperação.
