Brasileiro de 27 anos chega ao terceiro pódio seguido na principal competição da modalidade. No caminho, elimina campeão olímpico e só perde o título na flecha de desempate
Foi por muito pouco. Por centímetros. Na “flecha da morte”, momento em que um único disparo define o vencedor. Aos 27 anos, o brasileiro Marcus D’Almeida saiu do Campeonato Mundial de tiro com arco disputado em Gwanju, na Coreia do Sul, com a medalha de prata na categoria recurvo. O título ficou com o espanhol Andrés Temiño. Após um empate em 5 x 5 na decisão, o espanhol teve um tiro perfeito (10) na tentativa de desempate. Marcus cravou 9.
O resultado, mesmo com a sensação do quase lá, coroa uma caminhada vitoriosa do atleta carioca e consolida a consistência de D’Almeida, único nome presente no pódio das três últimas edições dos mundiais, disputados a cada dois anos. Em 2023, em Berlim, na Alemanha, foi bronze. Em 2021, em Yankton, nos Estados Unidos, terminou com a segunda colocação.
O ouro não veio por pouco. Na flecha de morte não fui tão preciso, mas estou feliz demais com o resultado. Foi um combate apertado, por centímetros. Um ano de muitas mudanças, aprendizados e grandes vitórias. Obrigado a todo mundo que torceu por mim”, afirmou o atleta, atual número três do ranking mundial e um dos nomes mais tradicionais do Bolsa Atleta, o programa de patrocínio direto do Governo do Brasil.
Integrante da categoria Pódio, a principal, D’Almeida tem o suporte da política executada pelo Ministério do Esporte em 11 editais desde 2012, nas categorias Nacional (duas vezes), Olímpica (uma) e Pódio (oito). O investimento total na carreira do arqueiro supera os R$ 1,2 milhão.
DEZ MIL – O Bolsa Atleta atualmente conta com mais de 10 mil atletas contemplados, o maior número já registrado na história do programa. Desse universo, 163 são do tiro com arco, sendo 125 na versão olímpica e outros 38 na paralímpica.
REAJUSTE — Em 2024, o Bolsa Atleta completou 20 anos e teve o primeiro reajuste de valores dos últimos 14 anos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto que aumentou as bolsas em 10,86%. No caso da Bolsa Pódio, os valores das Bolsas passaram a ser de R$ 5.543 mensais a R$ 16.629, de acordo com o lugar dos atletas no ranking mundial.
ONIPRESENÇA — A capilaridade do Bolsa Atleta se reflete nos resultados do Brasil nos principais eventos mundiais. Em Paris, o Brasil fechou os Jogos Olímpicos com 20 medalhas, a segunda melhor marca da história. Foram três ouros, sete pratas e dez bronzes, que colocaram o país no 20º lugar do quadro geral. Como muitas modalidades são coletivas, foram 60 medalhistas. Desse grupo, 100% são integrantes do Bolsa Atleta ou estiveram em editais ao longo de suas carreiras. Já nos Jogos Paralímpicos, a campanha foi a melhor da história do país, com 89 medalhas (25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes). O Brasil bateu o recorde de pódios, que era de 72, e chegou pela primeira vez no top 5, em quinto lugar. Todas as medalhas tiveram a digital do Bolsa Atleta.
- No caminho até a decisão, Marcus D’Almeida eliminou seis adversários. Foto: Reprodução
CAMINHO – Para chegar até a decisão do torneio na Coreia do Sul, Marcus D’Almeida teve duelos difíceis e simbólicos. O principal deles foi na terceira rodada, quando superou o sul-coreano Kim Woo-Jin, atual campeão olímpico, responsável pela eliminação precoce do brasileiro nos Jogos de Paris, em 2024, e que atuava em casa. “Foi um combate lindo, de altíssimo nível. Na última série, eu precisava de pontuação perfeita. E sim, eu consegui”, celebrou o brasileiro, que havia perdido para Woo-Jin também na final do Mundial de 2021. Na trajetória para chegar à decisão, D’Almeida também deixou para trás adversários de Áustria, Grã-Bretanha, Holanda, Canadá e Itália.
Caminho até a prata
Primeira rodada
Marcus D’Almeida 6 x 2 Luks Kurz (Áustria)
Segunda rodada
Marcus D’Almeida 6 x 2 Conor Hall (Grã-Bretanha)
Terceira rodada
Marcus D’Almeida 6 x 4 Kim Woojim (Coreia do Sul)
Oitavas de final
Marcus D’Almeida 6 x 0 Senna Roos (Holanda)
Quartas de final
Marcus D’Almeida 7 x 1 Eric Peters (Canadá)
Semifinal
Marcus D’Almeida 6 x 4 Matteo Borsani (Itália)
Final
Marcus D’Almeida (9) 5 x 6 (10) Andres Temiño (Espanha)