Com 7 mil operações, governo federal inflige prejuízo de R$ 491,3 milhões ao garimpo em território indígena
O Instituto Chico Mendes (ICMBio), em conjunto com a Casa de Governo em Roraima e outras forças de fiscalização, tem desempenhado papel central na proteção da Terra Indígena Yanomami (TIY) e das Unidades de Conservação (UCs) no entorno. As operações incluem vigilância das áreas de conservação, bloqueio de rotas usadas para abastecer o garimpo ilegal e preservação de ecossistemas estratégicos, integrando esforços para reduzir a atividade ilegal no território.
Desde a abertura da Casa de Governo em Roraima pelo governo federal, em março de 2024, as ações conjuntas resultaram em R$ 491,3 milhões de prejuízo ao garimpo ilegal e na redução de 98% da atividade dentro da TIY. Ao todo, foram realizadas 7.054 ações de fiscalização e controle, demonstrando o empenho do governo brasileiro no combate às atividades ilícitas na região.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou recentemente os avanços na proteção dos cerca de 31 mil indígenas que vivem na TIY: “Todas as pessoas que eram possíveis de serem salvas por falta de atendimento médico foram salvas. Antes, esse povo estava quase abandonado. Os Yanomami já estavam ali quando os portugueses chegaram ao Brasil. Precisamos dar a eles tratamento respeitoso”, disse.
Entre os resultados das operações, estão a apreensão de 138,8 kg de ouro, 227,8 kg de mercúrio, 175.970 kg de cassiterita, 40.150 litros de gasolina, além de 460 geradores, 1.669 motores, maquinários e armas de fogo.
Estratégias de escudo
As UCs da região norte de Roraima, como a Floresta Nacional de Parima, são estratégicas para impedir o avanço do garimpo. Em operação de 20 dias, equipes do ICMBio atuaram no chamado Mosaico Norte — área formada por oito unidades de conservação que protegem cursos d’água de acesso à Terra Yanomami e abrigam ecossistemas únicos, essenciais para a biodiversidade e para a qualidade da água que abastece comunidades locais.
Durante a ação, foram destruídos motores, geradores, equipamentos de acampamento, satélites, motosserras e barcos com motores de popa. As equipes também realizaram patrulhas fluviais e terrestres para bloquear rotas usadas no transporte de combustível, mercúrio e equipamentos, além de orientar comunidades sobre os limites legais e a importância da preservação.
De acordo com Leila Nápoles, coordenadora das operações do ICMBio em Roraima, a pressão do garimpo nas áreas de entorno cresceu nos últimos anos, tornando a presença constante do órgão fundamental. “Essas unidades funcionam como um escudo de proteção. Quando conseguimos barrar a logística do garimpo por aqui, enfraquecemos toda a cadeia criminosa que atua dentro do território Yanomami”, destacou a coordenadora.