Presidente deu início à energização do Linhão Manaus – Boa Vista. Investimento de R$ 2,6 bi integra todo o País no Sistema Interligado Nacional e vai dotar a região de energia mais barata e menos poluente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou na manhã desta quarta-feira, 10 de setembro, o início da energização do Linhão Manaus – Boa Vista, parte da iniciativa federal Brasil Conectado e Soberano. A operação marcou o início do processo de conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O evento ocorreu na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em Brasília (DF).
Estamos orgulhosos de estarmos aqui hoje para dizer que Roraima está ligado ao restante do Brasil, não existe mais diferença. Essa energia e a internet vão chegar até os indígenas, porque não queremos ninguém fora”, disse Lula.
A Linha de Transmissão Manaus – Boa Vista completa o mapa energético do Brasil, com a integração de Roraima, o último estado da Federação que estava isolado. O antigo isolamento tornava o estado dependente das usinas termelétricas, que geram energia a preço mais alto e com emissão de poluentes, por causa dos combustíveis fósseis.
Para a interligação, foram investidos R$ 2,6 bilhões em aproximadamente 725 km de extensão, em circuito duplo de 500 quilovolts (kV), desde a Subestação Eng. Lechuga, no Amazonas, à Subestação Boa Vista, na capital de Roraima, com uma seccionadora (ponto de apoio intermediário) em Rorainópolis.
O presidente Lula lembrou que, desde o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, o objetivo era concluir a interligação do sistema. “Acho que este sistema interligado seja, possivelmente, modelo para o mundo. Poucos países têm o sistema interligado como nós temos”, declarou.
A substituição gradual das usinas térmicas por energia limpa e renovável reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em mais de 1 milhão de toneladas de CO₂ por ano, além de gerar uma economia superior a R$ 600 milhões anuais nos custos com combustíveis fósseis.
“Junto com a energia de qualidade, Roraima vai ter internet de qualidade, a chamada banda larga que todo mundo fala, que é uma internet mais rápida. Vai ter em qualquer lugar. Qualquer jovem de Roraima vai ter o mesmo acesso à internet que as pessoas têm em Paris, Londres, São Paulo e Rio de Janeiro”, disse também o presidente.
“Roraima tem uma possibilidade extraordinária de comércio exterior com Suriname, Guiana, Trinidad Tobago e Caribe. Significa que o começo do funcionamento deste linhão vai permitir que Roraima tenha três vezes mais energia do que precisa hoje”, acrescentou Lula.
Confiabilidade
Com a integração, Roraima passa a ter maior segurança energética, confiabilidade no suprimento e condições favoráveis de crescimento econômico. O empreendimento representa um marco para o setor elétrico e para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a obra é a mais importante da história de Roraima. “Além da segurança energética, é um giga (mil megawatts) que atende, praticamente, quatro vezes o que precisa Roraima”, pontuou.
“Além de histórica e importante do ponto de vista da sustentabilidade, é uma obra de desenvolvimento econômico para a gente manufaturar as riquezas que este belo estado de Roraima produz e que, hoje, não tem segurança energética e quantidade de energia firme para desenvolver o estado, além do conforto e da segurança aos hospitais, clínicas e segurança energética do povo de Roraima. É o Brasil 100% interligado”, afirmou Silveira.
Escoamento
O Linhão Manaus-Boa Vista assinala uma virada na matriz energética do Estado, tornando-a mais limpa e renovável. Com a estabilidade proporcionada pela interligação, diversas usinas térmicas serão desligadas, garantindo economia relevante para o setor elétrico. A interligação permitirá o escoamento de 700 megawatts (MW) de futuras Usinas Hidrelétricas (UHEs) inventariadas em Roraima para o SIN.
Estamos descarbonizando a Floresta Amazônica, o que é histórico para o mundo, estamos garantindo segurança energética ao Brasil”, afirmou o ministro das Minas e Energia
“Já somos interligados ao Paraguai, por meio da maior usina de integração da América Latina, que é a Itaipu Binacional. Somos interligados à Argentina e ao Uruguai. Ano passado, exportamos energia, 426 milhões de energia à Argentina e 296 milhões ao Uruguai”, complementou Alexandre Silveira.
Redução de encargos
Atualmente, o abastecimento do estado dependia fortemente da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), um encargo pago para subsidiar os sistemas isolados. No balanço ambiental, o impacto é expressivo: a geração térmica será reduzida em cerca de 50%, evitando a emissão de mais de 1 milhão de toneladas de CO₂ por ano. Com a interligação, haverá redução superior a R$ 600 milhões por ano nesse custo, um benefício não só para o estado, mas para todos os consumidores.
Benefícios e mais empregos
O consumidor terá acesso a energia estável, renovável e barata. A substituição das usinas termelétricas reduzirá custos e emissões de GEE, além de melhorar a qualidade de vida da população.
Durante a fase de construção da linha de transmissão, foram gerados cerca de 3.000 empregos diretos, distribuídos entre canteiros de obra e escritórios, além de muitos outros indiretos decorrentes da cadeia produtiva necessária para fornecer os insumos utilizados.